Você já se pegou sonhando acordado, viajando nos seus pensamentos e nas suas sensações e, neste momento deixou de notar os acontecimentos ao seu redor? Às vezes estar tão concentrado na leitura de um livro agradável ou vendo televisão a ponto de alguém lhe chamar e você não ouvir? Ou mesmo dirigir por quilômetros, e só depois perceber que havia dirigido muito sem se dar conta?
Se você respondeu sim a alguma dessas perguntas, então você já foi hipnotizado!
Hipnose é algo que existe desde o início da humanidade, mas que ainda é bastante desconhecida, gerando muitos mitos e distorções.
Hipnose não é nada sobrenatural, místico ou ocultista como muitos acreditam. É um fenômeno natural que está presente no nosso cotidiano.Entramos em transe espontaneamente, por algumas vezes, num mesmo dia. Quando ouvimos uma música que gostamos muito, por exemplo, viajamos na sua letra, no seu som e nas sensações que ela nos traz. Às vezes essas sensações nos trazem imagens interessantes, nos reportam a outros momentos de nossas vidas.
Quando isso acontece, estamos hipnotizados!
Existem várias definições para hipnose, mas de acordo com Sofia Bauer, “hipnose é um estado de consciência ampliada, onde o sujeito permanece acordado todo o tempo, experimentando sensações, sentimentos, talvez tendo imagens, regressões, anestesia, analgesias e outros fenômenos hipnóticos enquanto está neste estado”. Um estado de atenção focalizada, onde a pessoa começa a se desligar das percepções externas, concentrando-se nas percepções internas.
A hipnose pode ocorrer em vários níveis de intensidade; o transe leve, o médio (que costuma ser o mais usado na hipnoterapia), o profundo e o transe pleno.
O transe é um estado de focalização da atenção. Às vezes você pode estar totalmente concentrado para fazer uma determinada tarefa e excluiu todas as demais informações ao seu redor.
A palavra “transe” costuma estar presente no nosso dia- a- dia. Muitas vezes durante nossas conversas dizemos frases do tipo; “essa música me deixa em transe” ou quando estamos apaixonados por alguém “acho que ele me hipnotizou”.
Contadores de história costumam ser bons hipnotizadores. Quando começam a contar uma nova história, muitas vezes nos vemos imaginando a cena, sentindo o que os personagens sentem, visualizando o que os personagens estão vivendo.
Nesse estado de transe, com a ajuda de um hipnoterapeuta, é possível manter-se nele por mais tempo. É um estado de alta concentração, e por isso, é possível realizar mudanças internas positivas, diminuir a percepção das dores, relembrar memórias há muito esquecidas, trabalhar traumas, aumentar possibilidades e potencialidades.
Quando se usa a hipnose para tratar um problema físico ou psicológico, chamamos este processo de hipnose clínica ou de hipnoterapia.
A hipnose por si só, não é terapia, ela é utilizada como ferramenta no tratamento de várias doenças físicas e psicológicas, como no controle da dor, ansiedade, estresse, depressão, fobias, insônia, traumas, auto- estima, timidez, emagrecimento, aprendizagem, preparação mental para vestibulandos e concurseiros, entre outras.
O uso da hipnoterapia é indicado para acelerar o processo de terapia e encurtar o tempo de tratamento. O tempo varia de acordo com a pessoa e a dificuldade apresentada. O trabalho com hipnose facilita a descoberta de novas opções na vida do paciente e a quebra de padrões de sentimentos e comportamento indesejáveis, resgatando suas potencialidades.
Durante a hipnose acontecem os chamados “fenômenos hipnóticos”, e são estes que mostram para o hipnoterapeuta e, alguns para a própria pessoa que ela realmente esteve em transe. Muitos desses fenômenos acontecem naturalmente ou são induzidos pelo hipnoterapeuta. Alguns destes fenômenos hipnóticos são o rapport, a distorção do tempo, dissociação, amnésia, hipermnésia, regressão, progressão, analgesia e outros. Todos eles serão explicados nos próximos artigos.
No Brasil o Conselho Federal de Odontologia foi o primeiro órgão representativo de uma categoria profissional a reconhecer a hipnose como ferramenta clínica, seguido pelo Conselho Federal de Medicina (1999), pelo Conselho Federal de Psicologia (2000), e recentemente foi a vez do Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (COFFITO). Portanto, a hipnose foi efetivamente reconhecida como prática clínica.
Hipnose e comunicação hipnótica são como uma caixa de ferramentas as quais podem ser utilizadas de inúmeras formas, dependendo do contexto, do ambiente, do método de trabalho e das necessidades do paciente.
E como dizia Milton Erickson, o pai da hipnose moderna, “Toda boa comunicação é hipnótica por natureza”
Muito interessante!
Olá Andreza, parabéns por este artigo.
É raro encontrar um artigo sobre hipnoterapia que seja claro e objetivo como este!
Estou me inscrevendo no seu feed, pois quero acompanhar a continuação sobre os fenômenos hipnóticos que citou no texto.
Falando nisso…
Particularmente, discordo que o rapport seja um fenômeno hipnótico, visto que podemos obtê-lo sem hipnose, ou mesmo antes do transe hipnótico. Em minha humilde opinião, o rapport é um processo necessário para se conseguir um transe de qualidade. (O que se consegue em matéria de rapport durante o transe hipnótico é maximizá-lo!).
Esta é só a minha opinião! Vejamos o que vem à seguir nos textos subsequentes! rsrsrs
Parabéns novamente.
Abraços.
Opa… já ia esquecendo de citar também! rsrsrs
Recentemente, (03/11/2010), o COFFITO também passou a reconhecer a Hipnose!
Conforme se vê abaixo:
CONSELHO FEDERAL DE FISIOTERAPIA E TERAPIA OCUPACIONAL (COFFITO): Regulamentação da Hipnose em Fisioteraia e Terapia Ocupacional, RESOLUÇÃO COFFITO nº. 380, de 3 de novembro de 2010.
(DOU nº. 216, Seção 1, em 11/11/2010, página 120)
A hipnose por sí só não é terapia (é um meio). O transe em sí, esse sim, em minha opinião, é terapêutico naturalmente.
Olá Samej Spenser, muito obrigada pelo seu comentário! Os fenômenos hipnóticos acontecem no estado de transe, mas não são exclusivos deste estado. No caso do rapport, este é um dos primeiros sinais observados, devido à confiança do paciente/cliente no hipnoterapeuta. Através deste laço de confiança fica mais fácil o paciente entrar no estado de transe, possibilitando a realização do trabalho psicoterapêutico. E realmente podemos conseguir criar um rapport com alguém sem essa pessoa estar em transe, como também acontece com outros fenômenos hipnóticos, onde podemos observá-los em outras ocasiões.
Valeu! Vou acrescentar no meu artigo. Obrigada!