Falar sobre o sentimento de culpa é falar daquela dor que muitas pessoas sentem decorrente de algum arrependimento, algo que acham que não deviam ter feito.
O sentimento de culpa torna-se responsável por grandes sofrimentos psíquicos, que se esconde atrás de nossas tristezas e frustrações, de nossas insatisfações na vida, de nosso tédio e angústias.
Mas qual o significado da palavra “culpa”?
Segundo o dicionário Michaelis, culpa vem do latim e significa “Ato repreensível ou criminoso;consequência de se ter feito o que não se devia fazer”.
Mas será que todas as pessoas que se sentem culpadas realmente fizeram algo muito grave?
Há situações que realmente fazemos escolhas que ferem as outras pessoas, e sofremos com isso. Mas em outras muitas situações, sentimos culpados sem nenhum motivo real, sem termos feito nada de mal a alguém.
Frequentemente atendemos no consultório pessoas que tem um sentimento de culpa muito forte, se sentem deprimidas, por “acreditarem” que deveriam ter feito algo, que deveriam ter evitado alguma coisa… e na maioria das vezes o remorso vem de algo que não tinha como elas evitarem, ou pela qual não eram responsáveis.
O sentimento de culpa é, sem dúvida, um dos maiores responsáveis pelas nossas crises de consciência e também um dos maiores causadores de sofrimento psíquico.
A culpa é um apego ao passado, é uma tristeza por ter cometido algum erro, ou por imaginar que podemos ter prejudicado alguém.
A culpa é o sentimento que vem da crença de que errar é errado, não é permitido, que devemos ser castigados pelas faltas cometidas. O sentimento de culpa é a punição que damos a nós mesmos pelas nossas falhas.
Mas em alguns momentos, a culpa pode ser importante. De acordo com o artigo da revista mente e cérebro (n. 253), “há algo de psiquicamente saudável na culpa. Por mais que nos incomode, não sofrer por nada ainda é mais alarmante”.
A culpa saudável pode guiar nossa consciência. Fazer com que nos preocupemos com os outros.Porém, tudo deve ser dosado. Ter o sentimento de culpa diante de um erro é uma forma de nos sensibilizarmos e talvez tentarmos corrigir ou ao menos amenizar o que foi feito.
Agora nos casos onde não houve nada de objetivo que a pessoa tenha feito, é importante trabalhar este sentimento.
A culpa nos faz gastar energia numa lamentação interior por aquilo que já ocorreu ou que deveríamos ter feito, ao invés de gastarmos em novas coisas, novas atitudes ou novos comportamentos.
Para trabalhar o sentimento de culpa é fundamental descobrir as crenças falsas e distorcidas que existem dentro de nós. É fundamental analisar a situação e os nossos pensamentos.
Será que somos realmente responsáveis pelo o que aconteceu? Será que realmente eu poderia ter evitado? Ou, tem algo que eu poderia fazer para resolver ou amenizar o que foi feito?
Precisamos racionalizar nossos pensamentos para realmente vermos a situação como ela é. É impossível viver sem cometer erros. O erro é inerente à natureza humana.
Pensar que nunca podemos errar é uma crença disfuncional que só limita a nossa vida. Se por algum motivo cometemos um erro, podemos aprender e crescer com ele, ao invés de ficar só lamentando.
Reconhecer o erro é saudável. Quando fazemos isso podemos tirar algum aprendizado dessa situação, rever a escolha e o comportamentos anteriores e planejar alguma nova estratégia para acertarmos.
É importante olharmos o passado para aprendermos com ele. Mas temos que viver o momento presente, fazendo o melhor que podemos, para podermos construir um futuro mais saudável e com menos culpa.
