Posso te contar uma história?

Histórias, metáforas e analogias frequentemente estão presentes em nosso dia-a-dia. Em nossa comunicação utilizamos os termos como “ela está uma onça”, para dizer que a pessoa está furiosa ou às vezes dizemos que alguém é uma raposa, quando queremos dizer que a pessoa é muito esperta. Muitas vezes contamos uma história para alguém quando indiretamente queremos mostrar algo para esta pessoa, lhe mostrar um caminho para aquele problema.

De acordo com o dicionário Aurélio, metáfora é um “Tropo que consiste na transferência de uma palavra para o âmbito semântico que não é o do objeto que ele designa, e que se fundamenta em uma relação de semelhança subentendida entre o sentido próprio e o figurado”.

Analogia de acordo com o mesmo dicionário seria “ponto de semelhança entre coisas diferentes. Semelhança, similitude, parecença”.

Empregamos metáfora quando contamos uma história. Toda metáfora é uma analogia, mas nem toda analogia é uma metáfora.

Etimologicamente, o termo metáfora deriva da palavra grega metaphorá através da junção de dois elementos que a compõem – meta que significa “sobre” e pherein com a significação de “transporte”. Neste sentido, metáfora surge enquanto sinônima de “transporte”, “mudança”, “transferência” e em sentido mais específico, “transporte de sentido próprio em sentido figurado”.

Novelas, contos de fadas, pinturas, desenhos e outras produções artísticas, muitas vezes transmitem significado de forma metafórica. A metáfora é poderosa porque possibilita a transmissão de um significado, o que a comunicação direta, muitas vezes não consegue.

Metáforas constituem um dos muitos artifícios que podem ser usados, com eficácia, no curso da psicoterapia e da hipnoterapia (utilização da hipnose na psicoterapia). São ferramentas que contém mensagens poderosas para auxiliar o paciente a encontrar novas perspectivas e alternativas para sua vida.

Milton H. Erickson, considerado o pai da hipnose moderna, tinha uma habilidade muito grande para utilizar histórias e metáforas no processo psicoterapêutico. Ele acreditava que, contando ao paciente um caso parecido com o dele, com uma saída possível, ou uma história que lhe chamasse muito a atenção, faria com que o paciente aumentasse sua percepção sobre as suas dificuldades.

A mensagem embutida nessas histórias passa de forma indireta para a nossa mente, diminuindo assim nossas barreiras na resolução de um problema, facilitando a busca de soluções para as dificuldades existentes.

Contar histórias no processo psicoterapêutico é uma ferramenta bastante útil, que ajuda as pessoas a mover-se de uma situação na qual estão paralisadas. Guia o paciente para um caminho de autoajuda, em que ele próprio vai conseguir uma nova maneira de lidar com o que antes não conseguia.

Falando nisso, me lembrei de uma história…

Há muito tempo atrás, havia um pai que morava com suas duas jovens filhas, meninas muito curiosas e inteligentes.

Suas filhas sempre lhe faziam muitas perguntas.

Algumas ele sabia responder, outras não fazia a mínima idéia da resposta.

Como pretendia oferecer a melhor educação para suas filhas, as enviou para passar as férias com um velho sábio que morava no alto de uma colina.

Este, por sua vez, respondia todas as perguntas sem hesitar.

Já muito impacientes com essa situação, pois constataram que o tal velho era realmente sábio, resolveram inventar uma pergunta que o sábio não saberia responder.

Passaram-se alguns dias e uma das meninas apareceu com uma linda borboleta azul e exclamou para a sua irmã:

– Dessa vez o sábio não vai saber a resposta!

– O que você vai fazer? – perguntou a outra menina.

– Tenho uma borboleta azul em minhas mãos.

Vou perguntar para o sábio se a borboleta está viva ou morta.

Se ele disser que ela está morta, vou abrir minhas mãos e deixá-la voar para o céu.

Se ele disser que ela está viva, vou apertá-la rapidamente, esmagá-la e assim matá-la.

Como consequência, qualquer resposta que o velho nos der vai estar errada.

As duas meninas foram, então, ao encontro do sábio, que encontrava-se meditando sob um eucalipto na montanha.

A menina aproximou-se e perguntou:

Calmamente o sábio sorriu e respondeu:

– Depende de você… ela está em suas mãos.

Assim é a nossa vida, é o nosso presente e o nosso futuro.

Não devemos culpar ninguém porque algo deu errado.

Somos nós os responsáveis por aquilo que conquistamos ou não.

Nossa vida está em nossas mãos — como uma borboleta azul.

Cabe a nós mesmos escolher o que fazer com ela!

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