Quem trabalha em escolas ou tem muito contato com crianças e adolescentes frequentemente percebem brincadeiras realizadas entre eles. Alunos colocando apelidos uns nos outros, fazendo zoações.
Brincadeiras realizadas com aquele aluno mais gordinho ou muito magro, o mais alto da sala, ou o mais baixinho. Aquela criança mais tímida ou aquele adolescente mais estudioso.
Brincadeiras ocorrem de forma constante entre alunos de uma escola, ou entre crianças e adolescentes. Eles colocam apelidos uns nos outros, fazem brincadeiras e dão muitas risadas.
Mas quando será que estas “brincadeiras” começam a ir longe demais?
Risadinhas, empurrões, fofocas, perseguições, apelidos ofensivos como “baleia”, “quatro-olhos”, “nerd”. Comportamentos como estes, muitas vezes são considerados como normal por muitos pais, alunos e até para alguns professores. Mas será que essas atitudes são mesmo normais e inocentes?
Esses comportamentos ofensivos constrangem quem os recebe, gerando muita angústia e ansiedade. Quando isso acontece, esses alunos podem estar sendo vítimas de bullying.
A palavra bullying é de origem inglesa e é um termo utilizado para descrever atos de violência física ou psicológica, intencionais e repetidos, praticados por um indivíduo (do inglês bully- valentão, mandão, brigão) ou grupo de indivíduos causando dor e angústia.
A prática do bullying se concentra na combinação entre a intimidação e a humilhação das pessoas, geralmente mais frágeis, passivas, tímidas ou que não possuem condições de exercer o poder sobre alguém ou sobre um grupo. Em outras palavras, é uma forma de abuso psicológico, físico e social, e ocorre em vários ambientes, além da escola; como em universidades, no trabalho ou até mesmo entre vizinhos.
De acordo com a psiquiatra Ana Beatriz Barbosa Silva (2010), as formas do bullying se configuram em:
• Verbal: Insultar, ofender, xingar, fazer gozações, colocar apelidos pejorativos, entre outros.
• Físico e material: Bater, chutar, espancar, empurrar, ferir, roubar, furtar ou destruir pertences da vítima.
• Psicológico e moral: Irritar, humilhar ou ridicularizar, excluir, isolar, ignorar, discriminar, ameaçar, chantagear, perseguir, difamar.
• Sexual: Abusar, violentar, assediar, insinuar.
• Virtual: Essa forma de bullying é chamada de ciberbullying, e é realizada através da utilização de equipamentos de comunicação, como o celular e a internet, e são capazes de difundir, de maneira avassaladora, calúnias e maledicências.
Os bullies (agressores), normalmente escolhem como “alvos”, pessoas que normalmente apresentam uma baixa autoestima, e que se mostram “indefesos”. A prática do bullying podem agravar dificuldades preexistentes, como também gerar outros transtornos psíquicos.
Pesquisas recentes mostram que os transtornos psicológicos e psiquiátricos mais se apresentam nas vítimas de bullying são: transtornos psicossomáticos (dores de cabeça, cansaço crônico, náuseas, insônia, tensão muscular); transtorno do pânico; fobia escolar; fobia social; transtorno de ansiedade generalizada; depressão; anorexia e bulimia; transtorno obsessivo- compulsivo; transtorno de estresse pós-traumático.
Então percebemos que a prática do bullying não se resume em simples brincadeiras e apelidos. É uma prática séria e que traz muitas consequências a quem sofre esse desrespeito.
Claro que não tem como banir as brincadeiras entre colegas no ambiente escolar. O que a escola precisa é distinguir o limiar entre uma piada aceitável e uma agressão.
Ao perceber o bullying, o professor ou as pessoas que presenciam a situação deve corrigir e orientar. Caso a situação permaneça, medidas mais drásticas deveram ser tomadas.
Bullying só se resolve com o envolvimento de toda a escola – direção, docentes e aluno – e com certeza, com a ajuda da família.