Você já percebeu que às vezes mudamos de humor, sem saber por quê? Às vezes estamos sorrindo, felizes, e de repente, bate uma tristeza, uma raiva ou uma frustração…
Isso provavelmente já aconteceu com você em algum momento da sua vida. E deve ter lhe deixado bastante preocupado ou ao menos “curioso” em relação a essa mudança de humor.
As nossas emoções tem um papel muito importante em nossas vidas e podem decorrer da forma como interpretamos o mundo, ou seja, dos nossos pensamentos (ou cognições) em relação aos atos ocorridos, as pessoas e ao ambiente.
Dentro da psicologia existe uma abordagem psicoterápica chamada Terapia Cognitiva- Comportamental (TCC), que propõe que nossas emoções e comportamentos não são simplesmente influenciados por eventos e acontecimentos, e sim pela forma através da qual processamos, percebemos e atribuímos significados às situações. Isso é, temos formas idiossincráticas de processar esta informação.
A TCC trabalha com a hipótese de que nossas cognições influenciam nossas emoções que por sua vez influenciam nossos comportamentos e reações fisiológicas. Com base nisso, diferentemente do que muitos acreditam, não são as situações ou acontecimentos que definem como nos sentimos ou como nos comportamos, mas sim a percepção ou interpretação que damos para esses eventos.
Dentro desta perspectiva da Terapia Cognitiva- Comportamental, o cognitivo refere-se a tudo o que se passa em nossa mente, como lembranças, imagens, pensamentos, sonhos, e que servem para dar significado ao que acontece conosco e ao nosso redor. Comportamental refere-se a tudo o que fazemos. Isso inclui o que dizemos, ou o que deixamos de dizer, como tentamos resolver nossos problemas, como agimos e como evitamos determinadas situações.
O conceito central da TCC é que você sente o que você pensa. Por exemplo: Se uma garota o rejeita após o primeiro encontro (situação), talvez você possa pensar “não me acerto com nenhuma garota” ou “sempre faço tudo errado, ninguém gosta de mim” (pensamentos) e se sentir deprimido (emoção).
Mas quem disse que esses pensamentos e essas interpretações que vem em sua mente, são verdadeiros?
Essas interpretações surgem em nossas mentes, podendo vir em forma de pensamentos ou imagens. São chamados de pensamentos automáticos (P.A.s) e diferentemente dos pensamentos conscientes e voluntários, sobre os pensamentos automáticos não temos controle. Eles simplesmente, “invadem a nossa mente”, sem ser fruto do desejo ou reflexão e, mesmo que não saibamos de sua existência (pois geralmente são breves e fugazes), influenciam nosso estado de humor e podem causar ou influenciar certas emoções. Por não termos “consciência” de sua existência, geralmente não são questionados e são aceitos como verdadeiros.
A terapia envolve a identificação de pensamentos, crenças e significados que são ativados quando você muda de humor. Se você atribuir significados menos radicais, e mais produtivos, provavelmente irá experimentar respostas emocionais e comportamentais menos perturbadoras e mais funcionais. Tudo isso é aprendido na Terapia Cognitiva- Comportamental, onde o paciente é incentivado a perceber seus pensamentos (toda vez que tem o humor alterado) e a questioná-lo.
A Terapia Cognitiva- Comportamental é uma forma de terapia objetiva, calcada em pesquisas científicas, que procura tratar os sintomas de maneira direta e eficaz, com ênfase no presente. Isto não quer dizer que não sejam tratados aspectos psicológicos ligados ao passado, mas sim que, inicialmente, o foco da terapia é o que mais aflige o paciente naquele momento.
Em muitos casos, como de ansiedade alta, crises de pânico, transtorno obsessivo- compulsivo, depressão, entre outros, a pessoa está tão tomada pelo problema, está sofrendo tanto, que necessita de uma intervenção mais rápida e ativa para ter condições de se reequilibrar.
Embora a TCC tenha foco nos pensamentos e nos comportamentos como alvos para mudança, também os enxerga como fazendo parte de um determinado contexto. A TCC reconhece que somos influenciados por tudo que está ao nosso redor e que este ambiente contribui para a maneira como pensamos, sentimos e agimos. No entanto, mantém a ideia de que podemos modificar a maneira de como nos sentimos, mudando nossa maneira de pensar e de se comportar – mesmo que não possamos modificar o ambiente.